O ano era 1967, há 45 anos atrás o mundo
estava em ebulição na efervescência da contracultura. A chamada “Febre do
Prazer” estava em alta. No
cinema, Glauber Rocha, evidenciava as contradições do Brasil, em seu magnífico
“Terra em Transe”. Na música brasileira, era a época de ouro dos festivais, com
explosão do Tropicalismo, alçando ao estrelado instantâneo Gilberto Gil e
Caetano Veloso, a música evidenciava os conflitos políticos daquele ano.
E é em 1967 que assume o general Artur da Costa e Silva (1967-1969). Durante a sua
administração, cresceu no país a reação ao regime militar, mobilizando diversos
setores sociais e políticos no Brasil. Seu governo é marcado por protestos e manifestações
sociais. A oposição ao regime militar cresce no país. A UNE (União Nacional dos
Estudantes) organiza, no Rio de Janeiro, a Passeata dos Cem Mil.
Na literatura o colombiano Gabriel
García Márquez consolidava o “realismo mágico” com seu “Cem Anos de Solidão” e
o romantismo revolucionário do continente chegava ao fim com a morte, na
Bolívia, de Che Guevara, o guerreiro imortalizado no mundo inteiro.
Hoje,
seu rosto está nas camisetas, nas bolsas, nos cadernos. É um símbolo de rebeldia,
mesmo que o jovem que o carregue não saiba bem o porquê. Sua vida, porém,
explica essa imagem: Foi o revolucionário que não se acomodou com as benesses
do poder e de volta à selva e à luta armada, morreu de modo cruel nas mãos de
inimigos poderosos. No próximo dia 9 de outubro deste ano, o mundo lembrará os
45 anos da morte do argentino Ernesto Guevara de La Serna , simplesmente Che para
os mais íntimos. Ainda hoje, quando se fala de Revolução Cubana, Che é o rosto
que sintetiza esta conquista.
O
argentino nascido em 1928, em Rosário, numa família de classe média alta,
formou-se me medicina em Buenos Aires. Depois de formado, viajou por
países da América Central, como a Guatemala e México nesse país, sobrevive como
professor e médico. Conhece Raul Castro depois Fidel, aderindo ao grupo de revolucionários
cubanos. Na época, Che já era socialista. Che chegaria a Cuba em Novembro de 56, a bordo do Granna e se
embrenharia na serra Maestra.
Foram meses difíceis aqueles, vários
foram os que tombaram em confronto com o exercito de Batista. Nosso herói foi
ferido mais de uma vez. Em 56, como apoio da população tomam o poder, neste
mesmo ano. Che torna-se embaixador visita vários paises, inclusive o Brasil,
para divulgar os objetivos da revolução e buscar aliados. África, Ásia, Europa
ele esteve praticamente em todo o mundo. Che seria posteriormente presidente do
BC de Cuba e Ministro da Indústria. Mesmo ocupando importantes cargos no
Governo, fazia parte de seu modo de vista e de ação politica permanecer
misturado ao povo comum, realizando trabalhos simples, como carregar sacos e
ajudar nas colheitas.
Em antológico discurso na ONU, no
dezembro de 64, Che atacaria pesadamente os EUA, acusando-os de dominar e
explorar a América Latina criticara também a URSS, afirmando que seus
dirigentes oprimiam o povo. Cresciam assim, suas divergências com Fidel, que
havia implantado em Cuba um regime aos modos da União Soviética. Nunca houve um
rompimento publico entre Fidel e Che. Este último apenas se afastara do poder,
renunciando a seus cargos e decidindo dedicar-se a organizar ações
guerrilheiras em outros países. Em 65, Che deixaria Cuba, com mais alguns
combatentes cubanos, passaria os meses seguintes na África, onde lutaria no
Zaire, hoje Republica Democrática do Congo, contra a ditadura de direita de
Mobutu Joseph Désiré. A guerrilha fracassou e fora dizimada. Após se
reorganizarem, chegaria à Bolívia em novembro de 66 para organizar a luta
armada contra o governo local.
Che se identificava como sendo um
economista uruguaio, pois teve de adotar identidades falsas para escapar da
CIA, que o procurava vivo ou morto de preferencia morto. Seu grupo mais uma vez
seria sufocado. Gue Guevara foi Capturado no dia 8 de Outubro de 1967, por
soldados bolivianos.
Assassinado no dia seguinte, numa
escola da aldeia de La
Higuerra. As fotos de Che rodaram o mundo, talvez para que
servisse de exemplo, mas seu corpo sumiu por 30 anos, medo de que o local
virasse um local de peregrinação. Somente em 1997 seus restos mortais foram
encontrados, Vallegrande, a 50 quilômetros da escola onde foi morto. Os
ossos estavam numa vala comum, com as mãos amputadas. Em 17 de outubro de 1997,
seu corpo chegaria a Cuba onde fora enterrada com honras de Estado.
* Fonte biográfica: Che Guevara: Uma Biografia de Jon
Lee Anderson
Edergênio Vieira é pedagogo,
estudante de letras UEG/Unucseh e presidente do DCE/UEG @edergenio
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